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sunday love is so cold

caramba, como tenho dormido mal nos últimos dias. de ontem pra hoje deve ter sido uma das piores noites. zanzei pra lá e pra cá na cama, nem o cansaço da insistência me pôs a dormir. tive um sonho longo, esquisito, escrevendo isto me recordo de falar pra minha mãe jogar no bicho, vai que. eu era mordido por dois animais: um rato e um cachorro, mais tarde. me tratavam com o nome morto e às vezes eu pensava em me deixar morrer mesmo, mas a cena das minhas mãos se endurecendo e entortando eram apavorantes demais. depois sonhava que meu gato se perdia numa enchente e ele aparecia de volta, surgindo dentro de um túnel, nadando. sequer consigo imaginar o Theo nadando hoje. levantei na esperança de que jogar uma água no rosto fosse ser de alguma ajuda. para a minha surpresa, minha mãe já estava acordada, passando matéria a limpo! eram 4h e pouca da manhã. minha mãe voltou a estudar tem algumas semanas, o que tem diminuído bastante o tempo em que nos vemos. claro, isso não tem reduzido algumas

diário de bordo (16/04/2024)

16 de abril de 2024. o dia começou cedo. minha mãe interrompe o silêncio matinal: você tem certeza que vai fazer isso? mal sabe ela que essa pergunta se aplica a outra decisão tão crucial quanto. sim. convenientemente minha análise mudou de horário, também já não atendo mais nas terças às 9h. tenho funcionado na base de ultimatos. ou quando estou prestes a explodir. de ontem não passaria, hoje também. não aceito postergar mais as coisas. de hoje não passaria, mesmo quando a banca de jornal me cobrou 12 reais (!) para imprimir 4 páginas. mesmo quando a dor perfurante que sinto no pulmão sempre que respiro não me deixa esquecer que tem algo de errado. não sei se estou fazendo sintoma, não sei o que isso quer dizer. me retirei do divã tem alguns meses. minha analista é insistente, não quer permitir que eu pare com o tratamento agora. eu também não quero parar, mas dinheiro é sempre um problema. em algum pedaço daqueles 50 minutos eu retomo minha adolescência apática, pouco rebelde, falo d

desespero? (28/05/2024)

ontem à noite, rezei para são judas tadeu. santo que trata dos desesperados, angustiados e das causas perdidas. nunca fui uma pessoa muito religiosa, mas nos últimos meses ando me interessando tanto pela religião quanto pela fé. minha mãe tentou, sem muito sucesso, me colocar na catequese e em outras iniciativas de evangelização. fugi disso como o diabo foge da cruz. porém hoje a cruz tem chamado a minha atenção. como? por quê? ainda não sei dizer. hoje, aconteceu algo que só me fez pensar por ter feito essa reza anteriormente. me ocorreu que existem situações que podem ser (e de fato são) mais desesperadoras que qualquer situação em que eu me encontre no momento. claro, eu estava projetando esse sentimento de acordo com o que acharia tão ou mais desesperador que o momento em que me encontro. antes disso, já pensava em passar na igreja na volta para casa. depois disso, tive certeza. a igreja, especialmente nos horários em que não há missas acontecendo, é um dos meus lugares favoritos

go as a dream (11/07/2023)

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  quando um texto é lançado ao mundo, ele deixa de ser propriedade do autor. agora, quando se conta um sonho pra alguém, o que acontece? freud já dizia que o intérprete do sonho é quem o sonha; será mesmo? é preciso antes falar — e não basta falar aos quatro ventos — é preciso falar para um outro que empresta a sua escuta. mas não estou falando de um contexto de análise, graças a deus. sendo assim, dou a resposta: tal como um texto lançado ao mundo, um sonho contado possibilita inúmeras leituras, releituras, interpretações e reinterpretações; uma ruptura com aquilo que é da ordem do mais íntimo, próprio de um inconsciente que se manifesta das mais diversas maneiras, atrelado ao ensejo social da partilha num simples e corriqueiro sonhei com você . que, é claro, de simples e corriqueiro não tem nada. tomei a liberdade de me apropriar, quase como se fosse meu. o nome que eu escolhi surgiu disso, de um sonho que não fui eu quem sonhei, mas que passou a ser no momento que ela me contou. de

se ela soubesse que eu me belisco só para conferir se não estou alucinando (16/03/2023)

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  uma pena que eu não tenha talento para a música, acho que esse título caberia bem num disco de dream pop. como só me resta a escrita, cá estou eu. esse título não é conotativo. não é a primeira vez que acontece, pelo menos nos últimos meses. tenho coletado essas pequenas interações como quem se depara com fragmentos de diamante num terreno desconhecido. acho que me dar conta por uma fração de segundo que eu não desapareci por inteiro me assusta, pois me convenci que eu desapareci. eu me assusto de um jeito que me custa aceitar que é um dado da realidade e não uma construção da minha imaginação. eu passo tanto tempo com a cabeça nas nuvens, pensando em what ifs e should/could/would que quando as coisas acontecem de verdade eu acho que estou vendo coisas. aí eu me belisco. e em seguida eu corro. corro pra não perder esse brilho porque eu sei que ele evapora na mesma fração de segundo em que surge. corro contra o tempo. contra a racionalidade. contra qualquer coisa que me dissesse que

moment’s already passed. yeah, it’s gone. (28/01/2023)

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na terça, decidi não participar das atividades costumeiras do dia. faltei ao alemão, ao grupo de gênero. estou deixando as coisas acumularem. fiz isso porque não queria ver meu rosto ou ouvir minha voz. vi que o paul mescal foi indicado ao oscar na categoria de melhor ator por aftersun. me dei conta que estava há alguns meses postergando essa ida ao cinema. sempre que posso dou preferência à tela grande. pensei: talvez eu possa me levar pra passear. na quarta, acordei com a constatação que estava sem luz em casa. just great. era o ensejo que eu precisava. uma das alegrias do dia foi ter pego um ônibus com aquelas paradinhas pra recarregar o celular em pleno funcionamento, só faltou o ar condicionado. a segunda foi ter comido uma fatia de pizza deliciosa de calabresa e cebola (me patrocina, vezpa). tratando-se de mim, não tem como ser só alegrias. fiz um corte simpático no meu dedo tentando abrir a garrafa de cerveja, sujei minha bolsa com meu sangue. aliás, eu só percebi o corte quando

pockets full of stones (17/12/2022)

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na minha análise, falei que sentia algo tipo virginia woolf, em busca de um “teto todo meu”. um breve momento de silêncio. fui lembrada que além disso, virginia também queria ir para londres, ver gente! e eu, como fico nisso? sair de casa às vezes é um tormento. mas ficar muito tempo em casa também tem algo de tormentoso. é isso que é ser neurótica? essa corda bamba tão delicada que requer ininterruptamente que decisões sejam tomadas. mesmo a inércia de não decidir nada possui uma carga contraditória massacrante. mencionei uma ida ao cinema para ver um filme de romance/road trip canibalesco. confesso que não mudou minha vida como esperava, mas me arrancou uma lagriminha considerando o que de fato me levou a vê-lo. estar no mundo é difícil. minha relação com a minha própria imagem e com a imagem que eu penso que as pessoas têm de mim está cada vez mais frágil, ao ponto de dizer com todas as letras que eu não estou me reconhecendo. meus sonhos estão dando indicativos disso de uma forma b