pockets full of stones (17/12/2022)


na minha análise, falei que sentia algo tipo virginia woolf, em busca de um “teto todo meu”. um breve momento de silêncio. fui lembrada que além disso, virginia também queria ir para londres, ver gente! e eu, como fico nisso? sair de casa às vezes é um tormento. mas ficar muito tempo em casa também tem algo de tormentoso. é isso que é ser neurótica? essa corda bamba tão delicada que requer ininterruptamente que decisões sejam tomadas. mesmo a inércia de não decidir nada possui uma carga contraditória massacrante.

mencionei uma ida ao cinema para ver um filme de romance/road trip canibalesco. confesso que não mudou minha vida como esperava, mas me arrancou uma lagriminha considerando o que de fato me levou a vê-lo.

estar no mundo é difícil. minha relação com a minha própria imagem e com a imagem que eu penso que as pessoas têm de mim está cada vez mais frágil, ao ponto de dizer com todas as letras que eu não estou me reconhecendo. meus sonhos estão dando indicativos disso de uma forma bastante irritante.

minha analista é solidária: você está tentando. e isso já é alguma coisa.

o negócio é descobrir se alguma coisa é o suficiente.

•••

mais de um ano depois, o tal filme canibalesco mudou e marcou minha vida e ainda me arranca lágrimas toda vez que o reassisto. mantenho a flexão de gênero no feminino, porque se eu estou recontextualizando esse escrito agora, é porque devo algo à falecida.

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