se ela soubesse que eu me belisco só para conferir se não estou alucinando (16/03/2023)

 

uma pena que eu não tenha talento para a música, acho que esse título caberia bem num disco de dream pop. como só me resta a escrita, cá estou eu. esse título não é conotativo. não é a primeira vez que acontece, pelo menos nos últimos meses. tenho coletado essas pequenas interações como quem se depara com fragmentos de diamante num terreno desconhecido. acho que me dar conta por uma fração de segundo que eu não desapareci por inteiro me assusta, pois me convenci que eu desapareci. eu me assusto de um jeito que me custa aceitar que é um dado da realidade e não uma construção da minha imaginação. eu passo tanto tempo com a cabeça nas nuvens, pensando em what ifs e should/could/would que quando as coisas acontecem de verdade eu acho que estou vendo coisas. aí eu me belisco. e em seguida eu corro. corro pra não perder esse brilho porque eu sei que ele evapora na mesma fração de segundo em que surge. corro contra o tempo. contra a racionalidade. contra qualquer coisa que me dissesse que o mais prudente seria só deixar pra lá e seguir em frente. mas eu não sou assim, feliz ou infelizmente. não consigo só deixar pra lá e seguir em frente. mas ao mesmo tempo me falta coragem de tentar quebrar esse muro que eu ergui. me falta coragem e eu tenho tanto medo de perder — mais ainda — isso que restou e agora se equilibra de um jeito claudicante na corda bamba das minhas incertezas. sempre que eu me vejo no momento de atravessar um determinado limite, ela o faz antes de mim e eu fico sem saber exatamente o que fazer, sem saber o que essas interações significam no final do dia. vai ver isso é produto de muito daydreaming, algumas coisas não precisam ter resposta (ou sequer possuem resposta). mas que eu mataria pra voltar ao momento em que eu não precisava me beliscar porque eu simplesmente sabia, ah, eu mataria.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

abertura

desespero? (28/05/2024)

pockets full of stones (17/12/2022)